quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Lição 2 - No Princípio

Lição 2
7 a 14 de janeiro

No princípio

Sábado à tarde

VERSO PARA MEMORIZAR: “NEle, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a Terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dEle e para Ele” (Cl 1:16).

Leituras da semana: Mt 19:4; Jó 38:4-7; Dt 32:10, 11; Sl 19; Jo 1:1-13; Rm 5:12; Is 66:22

Pensamento-chave: A doutrina da criação em seis dias literais é fundamental para tudo que acreditamos.

É difícil imaginar duas visões mais diferentes das origens do que o modelo bíblico da criação e o modelo ateístico da evolução. O primeiro apresenta uma criação planejada, ponderada, calculada, sem deixar absolutamente nada ao acaso. Em contrapartida, o modelo evolucionista é totalmente voltado ao casual. Além disso, no relato bíblico, tudo foi criado com um propósito. Deus tinha um objetivo final, que os gregos chamavam de telos, uma finalidade para o que Ele criou. Por outro lado, a evolução funciona com base na premissa de que não há alvo final, nenhuma força impelida por um propósito motivando o processo evolutivo. Mutação aleatória e seleção natural (produtos do acaso) operam juntos cegamente, mantendo o que funciona e descartando o que não funciona. O relato bíblico ensina que os seres humanos foram feitos à imagem de Deus. A evolução ensina que eles foram feitos à imagem de qualquer primata que tenha precedido o homo sapiens.


Nesta semana, estudaremos a doutrina bíblica da criação e veremos de que maneira ela estabelece o fundamento de toda verdade bíblica que se segue. Se compreendermos a criação de modo equivocado, provavelmente entenderemos muitas outras coisas de forma errada. Por isso é tão importante o ensino do que cremos como adventistas do sétimo dia.

Domingo


SEMANA DA CRIAÇÃO
1. Existe possibilidade de estabelecer um acordo entre a Bíblia e a evolução darwinista, com base nas primeiras palavras das Escrituras? Gn 1:1

O livro de Gênesis começa com Deus em ação como criador. Não é dada nenhuma explicação nem introdução sobre Deus. Nenhum dos escritores da Bíblia pensou que Deus precisasse de uma apresentação. A coisa mais próxima de uma prova da existência de Deus poderia ser o sentimento do salmista: “Diz o tolo em seu coração: ‘Deus não existe’” (Sl 14:1, NVI).


Estudiosos têm notado uma incrível maestria, não apenas no ato da criação em si, mas na forma pela qual é apresentada na Bíblia.Gênesis 1:2 indica as condições básicas em que as divinas obras-primas materiais são organizadas: “A Terra era sem forma e vazia” (RC). Nos primeiros três dias Ele “formou” o que era “sem forma”. Nos três dias seguintes Ele “preencheu” o que havia sido vazio ou “desocupado”.


Em outras palavras, a luz criada no primeiro dia é preenchida ou completada no quarto dia, com as grandes luzes do sol e da lua (e “também as estrelas”, Gn 1:16). O ar e a água que haviam sido o foco no segundo dia foram preenchidas com os pássaros e as criaturas da água, no quinto dia (Gn 1:6-8, 20-23). A terra seca, antes separada das águas foi, em seguida, preenchida com vegetação no terceiro dia (Gn 1:9-13), e completada com os animais terrestres e os seres humanos no sexto dia. Por fim, tudo foi declarado “muito bom” e, então, majestosamente comemorado no sétimo dia pelo próprio Deus (Gn 2:1-3).


A questão é: nada nesses textos deixa qualquer indicação de que algo foi deixado ao acaso. Ao contrário, os textos ensinam o oposto: tudo foi meticulosamente planejado e executado.

2. Que pessoas também acreditavam no relato bíblico da criação?

Tudo na Bíblia atesta o fato de que o Senhor criou o mundo, trazendo-o à existência por meio de Sua palavra, como está descrito emGênesis 1 e 2. As Escrituras não nos deixam liberdade para interpretação nesse assunto. Podemos escolher a criação, ou a evolução, mas a honestidade não permite a fusão dos dois. Os próprios textos não nos deixam essa opção.

Segunda

O CORAÇÃO DO CRIADOR


O relato da semana da criação é extraordinário. Dia após dia, o Criador trouxe à existência, por meio da palavra, os sistemas de vida e as formas de vida que continuam a surpreender os cientistas. Até mesmo Deus Se referiu à extrema alegria desse momento.

3. Como Deus expressou a Jó a emoção que fez parte da criação da Terra? Jó 38:4-7

Uma sugestão da alegria no coração do Criador na primeira semana também pode ser encontrada em Gênesis 1:2: “O Espírito de Deus Se movia sobre a face das águas”. Estudiosos da Bíblia apreciam cada vez mais a fina arte literária do Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia), escrito por Moisés. Nesse exemplo, em que Moisés descreve o Espírito de Deus “pairando” sobre a face das águas, no começo da semana da criação, ele deliberadamente escolheu uma palavra que usaria apenas mais uma vez, em Deuteronômio 32. Esse capítulo é parte de seu sermão de despedida ao povo de Israel.

4. Em que contexto Moisés usou a palavra “pairar” pela segunda vez? Dt 32:10, 11; compare com Mt 23:37

Pense em como as aves mães amorosamente preparam o ninho para seus filhotes. Então, imagine essas aves pairando sobre seus filhotes, trazendo-lhes comida e depois lhes ensinando a voar. Moisés, que tinha tomado conta de ovelhas durante 40 anos, deve ter visto esse fenômeno natural acontecer a cada primavera, e isso o fez pensar no terno cuidado de Deus. Sob inspiração, ele descreveu as mesmas emoções no coração do Espírito Santo, enquanto nosso “ninho” humano estava sendo construído.


Em contraste com os vários modelos evolutivos que retratam nossa criação como obra de forças competindo violentamente umas com as outras, no relato da criação tudo revela um Deus que ama Suas criaturas, que Se preocupa com elas, e que propositadamente e cuidadosamente as concebeu. Não há nada impessoal acerca da criação, nada destituído de emoção, nada sem propósito. O amor estava ali, no início da semana da criação. Que contraste com a evolução, que ensina que o amor surgiu de alguma forma, mas somente depois de bilhões de anos de violência egoísta! O amor motivou a criação, e o amor estará lá quando for recriada esta versão danificada da criação.

Pense nas maravilhas da natureza. Como você vê o incrível amor de Deus manifestado nelas?

Terça

OS CÉUS PROCLAMAM

Os Salmos contêm ricas coleções de canções de louvor ao Criador. Repetida e alegremente os salmistas se referem às “grandes obras” de Deus.


No salmo 19 a progressão de pensamento é audaciosa. Em primeiro lugar, Davi descreve as glórias dos céus e do firmamento, incluindo o sol resplandecente. Ele compara a energia brilhante do sol a um noivo indo para seu casamento e também a um atleta em treinamento (v. 1-6). Então, ele relaciona esse esplendor do sol com a perfeição da lei de Deus e o poder de seus preceitos. Assim, o conteúdo da lei é relacionado com a grandeza das ações criativas de Deus (v. 7-11).


O salmo 92, um “cântico para o sábado”, começa com a atitude de louvor de um coração grato. Os que examinam o uso das expressões “obras de Tuas mãos” e “Tuas obras”, usadas ao longo dos Salmos (ou em qualquer livro bíblico), notam que a Bíblia inclui um extensivo louvor pela criação do mundo. Quanto mais uma pessoa aprende sobre as obras da criação de Deus, seja o mais ínfimo detalhe visto através de um microscópio, ou a estrela mais distante, ou um planeta visto através de um telescópio, ou qualquer criatura da vida animal (quer ela nade, voe ou caminhe), mais se manifesta o incrível poder da atividade criadora de Deus. Os cientistas continuam a aprender mais e mais, não apenas sobre as diferentes plantas e animais, mas também sobre a interação entre todos os sistemas vivos na complexa rede da vida. Quanto mais aprendem, tudo lhes parece mais surpreendente.


“[A] mandíbula não é claramente um exemplo de design inteligente. Ao contrário, é uma adaptação imperfeita que ocorreu como resultado da seleção natural, trabalhando com os materiais à mão para encurtar e remodelar o focinho de mamíferos em uma face” (Owen Gingerich, God’s Universe [O Universo de Deus], Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 2006, p. 98, 99).

5. Na infrutífera tentativa cristã de combinar a evolução com a cosmovisão cristã, que ponto importante infelizmente tem sido deixado de lado? Ec 7:29

Sem dúvida, o mundo criado revela o amor e o poder do Criador. Mas nosso mundo também foi devastado pelo pecado, pelas cicatrizes e rupturas causadas pelo grande conflito. Vemos os resultados horríveis ao redor de nós na doença, morte, catástrofes naturais e assim por diante. Nenhuma parte da criação terrestre escapa e, certamente, nenhum ser humano fica de fora. E ainda, mesmo em meio a essa devastação, podemos ver o amor e o poder do Criador. A solução é não se concentrar nas coisas ruins, mas nas coisas boas que estão na sua base. Podemos ver, por exemplo, uma cerejeira afetada por uma praga que destrói todas as frutas. A praga, embora perversa, não pode apagar o amor e a bondade reveladas na própria árvore, um amor e bondade que apontam para o caráter do Criador.

Quarta

A CRUZ E A CRIAÇÃO

6. De que forma João liga a criação à cruz? Por que os dois ensinamentos são inseparáveis? Jo 1:1-13

Em vários lugares a Bíblia claramente liga o Senhor como criador com o Senhor como redentor, uma ligação que provê mais evidência de que a evolução não pode ser conciliada com a Bíblia, especialmente com o ensino da cruz. Caso contrário, qual seria a conclusão? O Senhor teria encarnado em um macaco evoluído, criado através do ciclo vicioso e terrivelmente mortal da seleção natural, tudo a fim de abolir a morte, “o último inimigo” (1Co 15:26)? Mas como a morte poderia ser um “inimigo” se fosse um dos meios escolhidos por Deus para criar os seres humanos, pelo menos de acordo com o modelo evolucionista? O Senhor deve ter empregado muitos Homo erectus, Homo heidelbergensis e Homo neanderthalensis mortos a fim de finalmente obter um à Sua própria imagem (Homo sapiens).
Consequentemente, isso significaria que Jesus veio ao mundo para salvar a humanidade do processo que Ele, como Criador, usou para criá-la, no passado. Se isso parece ridículo, é porque é ridículo.

7. Qual é a importância da compreensão literal do relato de Gênesis para todo o plano da salvação? Rm 5:12

Como o conceito bíblico da queda é explicado por aqueles que procuram fundir a evolução com a Bíblia? Deus usa os processos de violência, egoísmo e dominação dos fortes contra os fracos para criar um ser moralmente impecável e abnegado que, então, “cai” em um estado de violência, egoísmo e dominação dos fortes sobre os fracos, uma situação da qual ele tem que ser resgatado, ou então enfrentar o castigo final?


Mais uma vez, a insensatez dessa posição faz com que ela seja totalmente rejeitada. A queda é a única maneira de dar sentido à cruz, e à necessidade de resgatar a humanidade caída por meio do Salvador. A queda significa que os seres humanos “caíram” de alguma coisa, e implica uma decadência, uma degeneração. Isso quer dizer que partimos do que era bom para o que não era tão bom. Isso faz todo sentido a partir de uma compreensão literal de Gênesis. Com a evolução, isso não faz sentido. Na verdade, a ideia da evolução zomba da queda e também da cruz.

Quinta

8. Que promessas maravilhosas são encontradas nos textos a seguir? Qual é sua ligação com o modelo bíblico da criação, revelado nos primeiros capítulos de Gênesis? Is 65:17; 66:22; 2Pe 3:13; Ap 21:4

Toda a esperança cristã repousa nas promessas de um novo céu e uma nova Terra, sem a devastação que o pecado trouxe à Terra em que habitamos agora. Sem essa esperança e essa promessa, literalmente não temos nenhuma esperança. A promessa da vida eterna é maravilhosa, mas queremos essa vida em um mundo sem os horrores, tristezas e decepções deste mundo. O que poderia ser pior do que a morte eterna, que aguarda os perdidos, do que a vida eterna neste mundo em que a miséria é muitas vezes a regra, e não a exceção?


Tudo isso leva a algumas perguntas muito interessantes no que diz respeito às origens e como o Senhor trabalhou no processo da primeira criação, descrita de forma tão magistral em Gênesis 1 e 2. A questão é: O novo céu e a nova Terra serão criados por ordem divina, isto é, como descrito em uma compreensão literal de Gênesis, na qual Deus falou e, em um tempo incrivelmente curto toda a vida passou a existir na Terra, plenamente formada e desenvolvida, sem nada deixado ao capricho, violência e acaso?


Ou, ao contrário, o processo de criação significará que a vida terá que suportar novamente as “alegrias” e rigores da seleção natural e sobrevivência do mais apto por bilhões de anos, até que um novo mundo, “onde habita a justiça” (2Pe 3:13, NVI), finalmente apareça?


Afinal, se Deus escolheu usar a evolução na primeira vez para criar o mundo, por que Ele faria algo diferente na segunda vez? Se esse foi Seu meio escolhido para realizar a criação original, não seria bom o suficiente para executar a segunda criação?


A loucura da ideia de que Deus usaria a evolução para recriar os céus e a Terra é mais uma evidência indicando a insensatez de pensar que Ele criou o mundo dessa forma no princípio. Sem dúvida, cruz, redenção, e a promessa de um novo céu e uma nova Terra são temas inseparavelmente ligados ao relato literal de Gênesis.

Tente imaginar como era nosso mundo em sua primitiva beleza. Imagine também como será quando ele for recriado. Nossa mente e coração podem apenas começar a imaginar como será essa beleza. Por que não vale a pena obter algo neste mundo se perdermos o que nos foi prometido?

Sexta

Estudo adicional

Ao longo de seu ministério, Ellen G. White foi firme na rejeição da teoria da evolução. Ela escreveu: “É o pior tipo de infidelidade, porque para muitos que professam crer na história da criação, essa é uma infidelidade disfarçada” (The Signs of the Times, 20 de março de 1879).


“Para ter o privilégio de delinear nossa descendência pelos micro-organismos, moluscos e macacos, deveremos consentir em rejeitar a declaração da Escritura Sagrada, tão grandiosa em sua simplicidade: “Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem; à imagem de Deus o criou”? (Gn 1:27; Ellen G. White, Educação, p. 130).

Perguntas para reflexão
1. Outro problema decorrente da tentativa de fundir evolução com a Bíblia é a ressurreição dos mortos no fim dos tempos. Será um processo instantâneo, num “abrir e fechar de olhos” (1Co 15:52, NVI). Algumas pessoas estão mortas há milhares de anos; não sobrou muita coisa dessas pessoas com que se possa trabalhar. No entanto, se Deus pode recriá-las em um instante, por que teria usado a evolução para criá-las no princípio?
2. Ao contrário das concepções populares, Charles Darwin trabalhou em sua teoria da evolução a partir de uma premissa teológica. Ele expressou assim: “Para mim parece existir muita miséria no mundo. Não consigo me convencer de que um Deus beneficente e onipotente tivesse criado intencionalmente a [vespa parasita] com a expressa intenção de que se alimentasse dentro dos corpos vivos das lagartas, ou de que o gato brincasse com os ratos.” É claro que um “Deus beneficente e onipotente” não teria feito isso. O que está errado com a suposição de Darwin, e como você acha que ela o influenciou a desenvolver essa teoria radicalmente errada sobre as origens humanas?

Resumo: Apesar das muitas tentativas de misturar a cosmovisão bíblica com a doutrina da evolução, os dois ensinamentos são polos opostos. Os cristãos devem se firmar sobre a história da criação literal. Uma vez que a perdermos, o plano da salvação deixará de existir.

Respostas sugestivas: 1: Não, porque a Bíblia é clara, incisiva e definitiva ao dizer que Deus planejou e executou a criação. 2: O próprio Jesus Cristo, Moisés, o apóstolo Paulo e o profeta Isaías. 3: Deus afirmou que lançou os fundamentos da Terra, colocou suas medidas e estendeu o cordel sobre ela quando tudo foi criado. Nessa ocasião os anjos e outros filhos de Deus se alegraram e cantaram. 4: No contexto do cuidado de Deus por Seu povo no deserto. Como a águia protege e carrega seus filhotes, Deus nos ampara. Jesus cuida de Seu povo como a galinha cuida de seus filhotes. 5: Tudo foi criado com perfeição, mas o homem pecou e trouxe sofrimento a si mesmo e à natureza. 6: O trabalho de Deus é criar, manter e recriar. Só Ele faz novas todas as coisas. Nele podemos ser novas criaturas. O mesmo poder que cria pode restaurar, por meio da cruz. 7: A salvação apresentada pela Bíblia seria impraticável sem o relato da criacão. Se não houve a criação bíblica, não houve pecado e não haveria necessidade de salvação. 8: Por meio da justiça de Cristo, Deus recriará a Terra arruinada pelo pecado. Visto que todos serão justos, o ambiente será perfeito como era na criação.

 

Lição 2 - No Princípio


DEUS, O CRIADOR

Como observamos na lição anterior, todas as obras da Divindade são trinitarianas. Ações e propósitos da Divindade são sempre um. Assim, qual seria a resposta mais apropriada à pergunta sobre quem criou a Terra?
Deus, o Pai – existem inúmeras passagens bíblicas que falam sobre IHWH como criador (Gn 2; Sl 19; 92).
Deus, o Filho – Jo 1:1-3; Cl 1:16-19 e outros.
Deus, o Espírito Santo – Gn 1:2; Sl 33:6; 104:29-30; Jó 26:13; 33:4; Is 32:15; 40:13.

A criação divina deste planeta não aparece apenas no Antigo Testamento (Jó 38, Sl 8; 19; 104; Is 40:26-28; Jr 10:11-13; 27:5; 32:17; Am 4:13; 5:8-9). O Novo Testamento está repleto de informações sobre o poder criador de Deus.
Deus Pai é o Criador – At 14:15; 17:24; Hb 11:3.
Jesus aparece não apenas como o grande agente da criação, mas como o Senhor do sábado, o memorial da criação – Mc 2:27.
Cristo é apresentado também no Novo Testamento como Aquele que tem o poder de recriar, isto é, o Criador é igualmente o Recriador – 2Co 4:6.

Aqueles que tendem a considerar o AT como uma descrição mitológica para o povo judeu, em que a salvação era estabelecida pela lei e mediada pelas obras, podem verificar que o NT confirma tudo o que foi declarado no AT e, mais especificamente, a criação.

Em suma, a criação divina do Universo e do ser humano perpassa toda a Bíblia. E mais: Nos últimos dois capítulos de Apocalipse, o tema da criação descrita em Gênesis 1 e 2 é trabalhado no seu sentido mais pleno, de restauração da criação.

O verbo hebraico bara, traduzido por “criar” (usado em Gn 1), está circunscrito exclusivamente à atividade divina, isto é, só é empregado quando Deus está executando uma ação criativa. Quando o AT se refere a uma atividade humana ou uma ação divina regular, o verbo usado é asah, normalmente traduzido por “fazer”. Em outras palavras, o sujeito do verbo bara é sempre Deus.

A forma pela qual Deus executou Seus planos criativos é algo que havia sido definido antes da “fundação do mundo”. Houve, portanto, um planejamento extremamente definido, incluindo até a possibilidade da entrada do pecado no Universo.

O NT traz 10 versos com a expressão “fundação do mundo”, identificando que houve um ponto de partida na história do planeta. Seis desses se referem a fatos que ocorreram “desde” a fundação do mundo (Mt 13:35; 25:34; Lc 11:50; Hb 4:3; 9:26; Ap 17:8), e quatro descrevem eventos ocorridos “antes” da fundação do mundo (Jo 17:24; Ef 1:4; 1Pe 1:20; Ap 13:8).

Para os que têm o conhecimento da teologia do grande conflito, fica fácil entender tanto a criação como a entrada do pecado, que provocou uma distorção complexa na ordem perfeita da criação. Entendemos que as condições existentes hoje na natureza não são exatamente aquelas que existiam antes do pecado. Entretanto, para os que aceitam a teoria da evolução é importante considerar que as estruturas existentes hoje sempre existiram: o chamado uniformismo (teoria evolucionista em que o ambiente atual é produto de processos físicos normais que estão em operação a bilhões de anos). A teologia do grande conflito é um golpe na teoria do uniformismo.

O grande conflito explica claramente os processos de nossas origens, onde estamos, quem somos e para onde iremos. Em contrapartida o evolucionismo é totalmente aberto: para onde os processos evolucionistas levarão afinal?

Apesar de o mundo natural ter sido afetado consideravelmente pelo pecado, a natureza ainda testifica do grande poder criador de Deus. Embora não possamos aprender tudo sobre Deus a partir da natureza, ainda podemos contemplar Suas obras criativas e mantenedoras.

Mesmo que as evidências que temos à disposição na natureza (e no Universo) estejam, de algum modo, maculadas pelo pecado, atualmente há um considerável número de cientistas que não negam a existência de um “designer” ou um planejador ou, no mínimo, que tenha havido um plano. As evidências deixam cada vez mais claro que as estruturas do Universo (e de nosso planeta) estão marcadas por propósito e por mecanismos complexos interdependentes que jamais poderiam ter surgido por acaso.

Na Bíblia, a criação é um fato histórico. Não é algo de natureza incerta ou nebulosa.

No AT, a criação ocorre no período de uma semana com sete dias literais. Deus criou o mundo por meio de uma série de atos cronologicamente distintos. Há menção de aspectos cronológicos óbvios, como na fórmula “Houve tarde e manhã, o primeiro dia” (o texto hebraico literalmente diz: “foi tarde, foi manhã, dia ...”).

“Houve” (ou “foi”) – o verbo aqui estabelece uma ação definida no tempo e espaço e, como vimos acima, aparece duas vezes.
“Tarde e manhã” – aqui se trata de um dia de 24 horas, sendo primeiro a parte escura e depois a parte clara.
Os dias são enumerados – do primeiro ao sexto dia da criação a fórmula é exatamente a mesma.
“Dia” - esse termo é inequívoco e determina uma porção definida, limitada de tempo. Esse fato fica mais evidente quando é comparado com outros versos da Bíblia como Êxodo  12:18 e Neemias 5:18.

Quando ocorreu a semana da criação.

Em virtude das dificuldades históricas, cronológicas e até de ordem genealógica, é extremamente arriscado buscar essa definição com exatidão.

James Ussher, arcebispo irlandês, no século XVII, com base em estudos especulativos, mais genealógicos do que cronológicos, chegou à conclusão de que a Terra havia sido criada em 4.004 aC (primeiramente, ele imaginou que a Terra deveria ter 6 mil anos – 4 mil antes de Cristo, 2 mil depois de Cristo e, então viria o milênio sabático). Pela influência desse estudo, muitas Bíblias da época colocaram esta cronologia no rodapé de suas páginas, levando incautos a aceitarem essa “cronologia” como parte do texto.

Se fizéssemos um estudo a partir da primeira informação cronológica bíblica comprovada historicamente (970 aC – começo do reinado de Salomão) e as informações contidas nos períodos cronológicos e genealógicos bíblicos, poderíamos entender que:
O êxodo ocorreu – c. 1.450 aC
Nascimento de Abraão – c. 1.950 aC
Dilúvio – c. 3.400 aC
Criação – c. 5.600 aC

Essa possibilidade de datação não é absoluta nem definitiva, mas certamente é muitíssimo mais recente do que a proposta pela teoria evolucionista, com seus bilhões de anos cheios de acasos e coincidências milagrosas. Assim, bilhões de anos são trocados por alguns poucos milhares.

Quando falamos em criação logo temos nossas mentes voltadas para Gênesis 1 e 2. Temos que entender, entretanto, que a descrição bíblica de Gênesis 7 e 8 deixa claro que houve um processo criativo intenso e divino após o dilúvio, provendo ambiente favorável à preservação da vida humana após uma catástrofe que moveu as estruturas do planeta. Assim, podemos afirmar que o mesmo poder criativo presente na primeira semana da criação esteve atuando intensamente numa “segunda criação” após o dilúvio.

Por que existe uma rejeição do modelo bíblico da criação?

Até o surgimento do racionalismo (século 17), não havia grandes questionamentos quanto ao modelo bíblico da criação (no contexto do mundo ocidental).

As primeiras investigações, ainda numa conjuntura da pré-ciência clássica, realizadas por Galileu, Kepler e Newton, indicaram que o mundo natural é intimamente dependente das leis naturais. Se o Universo funciona sozinho, qual seria o papel do Deus criador? O deísmo é uma forte resposta a essa ideologia racionalista. Assim, Deus seria apenas o relojoeiro que fez o relógio e o deixou a funcionar sozinho.

Essa concepção mecânica do Universo, levada às últimas consequências, logo moveu alguns à desconexão total da necessidade de Deus para a existência do Universo. O conceito foi estabelecido de forma objetiva com o modelo filosófico cunhado por Emmanuel Kant (fim do século 18). Para ele, não haveria a possibilidade de qualquer tipo de conhecimento advindo do mundo “metafísico”. Todo conhecimento, portanto, só poderia dar-se a partir do mundo natural ou físico. Para nós que vivemos no século 21, por incrível que pareça esta foi uma revolução “copernicana” de extrema significância, pois a filosofia clássica insistia que todo o conhecimento só viria a partir do mundo metafísico (ex.: Platão). Aqui se estabelece definitivamente o método científico e a ciência clássica como os detentores do conhecimento e da “verdade”.

Levada às últimas consequências, a ciência clássica tende a atestar que o Universo não somente subsiste sozinho, mas também surgiu sozinho, espontaneamente.

Esse foi um golpe poderoso contra a autoridade da Bíblia. Se não é possível qualquer conhecimento afora do método científico, como podemos afirmar que a Bíblia tem origem na revelação divina?

A Bíblia passa a ser considerada como um livro essencialmente humano e passível de crítica literária como outro livro qualquer. Assim, surgiu a chamada de alta e baixa crítica ao texto bíblico. A religião cristã passou a ser entendida como se fosse apenas ética, um encontro “místico” com Deus, como define o maior teólogo protestante do século 19, Friedrich Schleiermacher.

O relato da semana da criação como alguma forma de “milagre” passou a ser interpretado como uma simples descrição mitológica que deve ser questionada.

Estabeleceu-se o conceito de que a Bíblia é a priori contrária à ciência e vice-versa. Mais: A Bíblia é um livro pré-científico que deve ser rejeitado como fonte de verdade.

A resposta racionalista de maior aceitação para explicar a existência do Universo passou a ser a teoria do evolucionismo.
Com base no conceito filosófico da geração espontânea da vida através de uma sucessão infindável de coincidências ocorridas em bilhões e bilhões anos, da sobrevivência do mais apto e do uniformismo, acabou por ganhar ares de ciência.
Longe de ter por base as informações científicas, o evolucionismo é hoje uma forma de religião ideológica (considera-se a única verdadeira e interpõe-se para a erradicação de outras). É necessário, contudo, muito mais fé no modelo evolucionista do que no criacionista. É como acreditar que, com a explosão (o Big Bang) de um imenso ferro-velho, como resultado, aparecesse um avião Boeing 767, em voo perfeito, com todos os detalhes em funcionamento, incluindo os sofisticados computadores de bordo. Ou, ainda, como crer que na explosão de uma gráfica de tipos móveis, o resultado fosse uma enciclopédia completa, encadernada, sem nenhum erro de informação nem de estrutura linguística.

Qualquer pessoa razoavelmente sensível, livre de pressuposições, reconheceria que a ciência ainda está longe de ser considerada como tendo obtido a verdade final ou como a única fonte da verdade e do conhecimento. Além disso, como a própria ciência tem mudado! No fim do século 19, o átomo, como o próprio nome sugere, era indivisível. Hoje, entretanto, estudos são feitos em suas ínfimas partículas em reatores nucleares. Como os modelos da astronomia (a ciência até hoje mais desenvolvida) têm mudado com o advento dos telescópios espaciais Swift, Hubble e Chandra!

No século 20, com a “cientificação” da teoria da evolução, as tradições filosóficas e religiosas cristãs buscaram reinterpretação diante da proposta bíblica literal da semana da criação. Assim, praticamente todas as tradições cristãs adaptaram sua teologia ao contexto evolucionista, reduzindo a semana da criação a um longo processo “quase evolutivo” com características míticas. Um exemplo disso é a interpretação de eruditos que creem que as atividades criativas divinas se manifestam através de longos períodos, numa apropriação indevida do texto de 2 Pedro 3:8. A Igreja Católica Romana aceitou em declarações oficiais esta forma evolucionista da criação. Por incrível que pareça, estas reinterpretações chegaram a rondar até mesmo a teologia adventista.
Contudo, com o avanço da própria ciência tem-se verificado que o modelo criacionista bíblico passa a ser cada vez mais plausível em relação ao modelo evolucionista. Como exemplo, podemos citar:

No campo da geologia, que foi à primeira vista um empecilho ao modelo criacionista, cientistas passam a encarar a possibilidade da existência de uma catástrofe como originadora da coluna geológica. Temos que destacar aqui o modelo apresentado pelo Dr. Nahor Souza em sua obra Uma Breve História da Terra. Assim, o uniformismo evolucionista passa a dar lugar ao catastrofismo (crença na existência do dilúvio bíblico).

Os processos de datação radiométrica que determinam a idade de artefatos orgânicos fossilizados presentes em rochas têm costumeiramente colocado a origem delas em bilhões de anos. Esses processos, como o do carbono 14, passam hoje por severas críticas científicas – tornam-se cada vez mais imprecisos quando retrocedem na história.

As explicações evolucionistas quanto à origem espontânea da vida através de modelos que simulariam uma “Terra Primeval” colocada sob bombardeios de cargas elétricas a aminoácidos específicos, têm recebido severas críticas.

A genética também tem exercido uma pressão sobre a teoria da evolução. As mutações genéticas que aparentemente explicavam a possibilidade da evolução das espécies em vez de serem benéficas, em sua maioria são degenerativas (maléficas).
Com a descoberta da coluna do DNA, evidencia-se uma complexidade tão inimaginável que coloca o método evolucionista dos meros acasos como cada vez menos provável, enquanto a verdade do Salmo 139:14 passa a ser a melhor resposta.

A complexidade e interdependência existencial de sistemas dentro dos organismos vivos não se encaixam com o modelo evolucionista.

Como poderiam sistemas complexos que dependem inteiramente do funcionamento de outro sistema igualmente complexo terem surgido de forma independente, ao acaso?

No campo da astronomia, como já observamos, os telescópios espaciais têm provocado sérios desgastes aos modelos evolucionistas anteriores. A observação do Universo em expansão com seus bilhões de galáxias e complexidade infinitas (por exemplo, matéria negra) são desafios ao modelo evolucionista, mas não ao Salmo 19.

Mesmo que o modelo criacionista ainda possua sérios obstáculos a ser demostrados cientificamente, observa-se que a ciência tem provocado estremecimentos muito mais intensos e sistemáticos ao modelo evolucionista. O que se verifica é a influência de preconcepções evolucionistas (quase que religiosas) na mente de muitos eruditos que não poderiam admitir que suas conclusões estivessem contrárias à teoria da evolução.

Modelo Bíblico da Criação – a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem adotado em suas obras oficiais o seguinte modelo (ver Comentário Adventista, v. 1, p. 23):
A substância física do Universo e as leis de interação foram trazidas à existência por Deus (ex nihilo – “do nada”, sem matéria preexistente).
A criação ocorreu a cerca de seis mil anos e ocupou uma semana literal.
A criação perfeita que refletia o amor do Criador foi modificada com a entrada do pecado, onde a morte é o fim inevitável (Grande Conflito).
Os seres criados foram dotados de capacidade de propagação e passíveis de modificações, adaptações e especializações dentro das categorias básicas.
As características originais do planeta Terra foram estruturalmente modificadas pela catástrofe do Dilúvio, com características ambientais muito distintas da primeira criação.

A criação como tema escatológico

A primeira mensagem angélica (Ap 14:7) deixa claro que há implicações escatológicas em relação à aceitação do Deus criador que está prestes a estabelecer um juízo. Esse juízo terá lugar antes do processo de recriação das estruturas do planeta. Assim, Deus não apenas agiu na criação, mas no decorrer da história da redenção, que culminará no estabelecimento de “novos céus e nova Terra”.
A estrutura linguística de Apocalipse 14:7 é claramente dependente de Êxodo 20:11 e Gênesis 1.

A negação da ação criativa de Deus interfere diretamente no estabelecimento do plano de salvação da humanidade, pelo qual Cristo, como agente criador, é também o único que, como Salvador, pode eliminar a história de pecado – o Cordeiro de Deus que foi morto antes da fundação do mundo. O Deus que cria é, por natureza, o Deus de amor. Por isso é também o Recriador (Redentor). Se rejeitarmos a Deus como criador, eliminaremos o significado da cruz!
No escopo da teologia do grande conflito, a teoria da evolução se interpõe como um argumento satânico para que a adoração do Deus verdadeiro seja, no mínimo, preterida. A verdade do sábado se torna um dos vértices da verdade no tempo do fim. Negar o sábado é negar o Deus criador. Aqui temos que inferir que a negação da semana literal da criação por parte de teólogos modernos está em direta relação à rejeição do sábado.

O surgimento da Igreja Adventista e sua mensagem para o tempo presente indica a origem divina do movimento: surge no tempo certo, com a verdade certa, aceitando a Bíblia como um todo.
Crença fundamental nº 3: “Deus, o eterno Pai, é o Criador, o Originador, o Mantenedor e o Soberano de toda a criação...”. Crença fundamental nº 4: “Deus, o Filho Eterno, encarnou-Se em Jesus Cristo. Por meio dEle foram criadas todas as coisas, é revelado o caráter de Deus, efetuada a salvação da humanidade e julgado o mundo...”. Crença Fundamental nº 5: “Deus, o Espírito Santo, desempenhou uma parte ativa com o Pai e o Filho na Criação...”.

O poder criativo e redentor de Deus será plenamente demonstrado no encerramento do grande conflito (ver o último parágrafo do livroO Grande Conflito).

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